Até mesmo bebês têm acesso quase universal aos equipamentos; por volta dos 4 anos a maioria já tem seu próprio gadget. Academia Americana de Pediatria recomenda não oferecer eletrônicos a menores de dois anos de idade.
Quase todas as crianças bem pequenas – bebês inclusive – têm acesso a equipamentos eletrônicos. Antes do primeiro aniversário, a enorme maioria já passou os dedos pelas teclas digitais. E mais: perto dos 4 anos praticamente todos já possuem algum utensílio desse tipo. Esse é o panorama retratado por uma pesquisa recém-publicada no periódico científico Pediatrics sobre a exposição a esses itens nessa faixa etária tão precoce, entre seis meses e quatro anos. Já se sabe que os eletrônicos revolucionaram a relação das crianças com a mídia, mas ainda faltam estudos sobre como e quando eles começam a ser adotados. Atualmente, a Academia Americana de Pediatria recomenda não oferecer eletrônicos a menores de dois anos de idade – mas essa diretriz foi criada antes da disseminação dos tablets em 2010.
Mesmo se tratando de um público de nível sócio-econômico menos favorecido, quase todas as 350 crianças acompanhadas – 97% - tinham televisão em casa. Além disso, 83% possuíam tablets e 77%, smartphones. Com quatro anos de idade, metade delas já tinha sua própria TV e três em cada quatro, um equipamento eletrônico só seu.
Quase metade dos bebês com menos de um ano tinham acesso diário a esses itens, seja para brincar, assistir vídeos ou usar aplicativos. Quanto mais velhos, maior o uso. Aos dois anos, 76,6% brincam todos os dias nos gadgets.
Entre os motivos ou momentos que os pais apresentaram como justificativa para oferecer essa opção ao filho, 70% dizem lançar mão deles enquanto estão realizando tarefas domésticas, 65% para mantê-los calmos e 29% na hora de ir dormir. O estudo também apontou uma queda no tempo de TV e aumento do tempo em frente às telas dos eletrônicos em relação a dados de 2013.
Segundo o artigo, ainda se sabe pouco sobre como a atividade nesses equipamentos afeta o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças quando eles brincam sozinhos, sem supervisão. Em adultos jovens, o acesso a vários equipamentos simultaneamente – a chamada multitarefa – já foi associado com baixa eficiência, falta de atenção e riscos à segurança. Faltam estudos para avaliar o impacto nos mais novos, ou como tirar proveito disso de forma construtiva.
O cenário descrito no estudo mostra que a adoção desses equipamentos se dá cada vez mais cedo, com uso muito frequente e independente, sem auxílio dos pais, em idade muito precoce. Para os autores, esses dados reforçam a necessidade urgente de mais pesquisas para atualizar as recomendações às famílias sobre o uso da tecnologia entre crianças tão pequenas.
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